segunda-feira, 19 de abril de 2010

1 + 1 = 1

Há quase três meses, provavelmente no dia 21 de janeiro, começamos a desvendar a equação 1 + 1 = 1.

Na contramão do senso comum, descobrimos a gravidez na primeira semana e espalhamos a notícia a todas e todos. Que nem aprovação em concurso público.

Pais de primeira viagem, marcamos uma consulta. Pessoalmente, nunca tinha estado tão perto de uma ginecologista. No consultório, há uma máquina que parece um fliperama, responsável pela ecografia. Conectado ao aparelho, um instrumento fálico que é revestido com um preservativo impregnado de gel. Na segunda consulta, constataria que aquela situação, constrangedora sob a perspetiva masculina, parece absolutamente trivial tanto para a ginecologista quanto para a gestante.

No entanto, tudo isso desaparece da minha cabeça quando surge na tela, inequivocamente, algo que pulsa. Freneticamente: 128 bpm. E a pulsação do músculo involuntário que é locus simbólico da lealdade se torna a primeira prova audiovisual da existência daquele ser, que o xixi e o sangue da mãe já haviam atestado.

Mais uma vez, um outsider. Assisto a tudo com um recorte de gênero. Penso no feto e no afeto. Já decidimos os nomes: Valentina e Samuel. Falta agora descobrir o sexo: Valentina ou Samuel.

Maio. Só em maio. Lua minguante.