Life is beautiful

As últimas semanas foram bem intensas, Valentina. Chegamos à 37ª semana da gestação sem sobressaltos. As coisas acontecem incrivelmente rápido e, há muito tempo, minha desorganização e a rotina árdua de manter três empregos fixos, além de uma disputa eleitoral a que me dedico voluntariamente, afastaram-me desse blog.

Sua mãe tem cuidado da barriga, da casa e, também, de mim. Acho que dou mais trabalho que vocês. Sua presença é cada vez mais óbvia. Seu quarto está montado com todas as coisas que escolhemos. O carro tem sua cadeirinha. E contemplamos seus movimentos vigorosos, ansiosos pelo dia da sua chegada.

A vida pode parecer dura. Mas há dias em que encontramos algum sentido, alguma razão para as loucuras cotidianas a que nos submetemos.

A vida se torna cada vez mais simples e, ao mesmo tempo, mais complicada. Mas ela é tão bonita.

Estamos aqui, filha, esperando você...

Coto umbilical e afins

Eis que chegamos à 30ª semana de gestação. 3/4 da gravidez e uma menina de 40 cm e 1,5 kg.

No sábado passado, fomos à primeira sessão do curso de pais do Hospital Santa Luzia, ministrado no Hospital do Coração de Brasília. Sábado às 8 da manhã, dezenas de pais de primeira viagem, uma pediatra, uma enfermeira e as respectivas apresentações em PowerPoint.

Entre o mecônio e o coto umbilical, o segundo me afeta muito mais do que o primeiro. Até porque diz que mecônio não tem cheiro, apesar de ser esverdeado e parecer graxa.

Quando penso no coto, sinto falta de uma coisa mais wireless...

18ª semana

Entramos, ontem, na 18ª semana da gravidez. Davi completou uma semana de vida pós-uterina no mesmo dia.

Curioso como a vida intra-uterina, depois do nascimento, parece não fazer muito sentido, visto que essa experiência temporal não é nem contabilizada na idade de cada um.

Dizem que, na 20ª semana, a mãe começa a sentir o feto mexendo.

Pena que roubaram meus CDs do Led Zeppelin...

Dia das Mães

Nos quatro primeiros meses de gravidez, nenhum quilo a mais. Isso é bom, não?

BARUCH HABA

A Davi Madsen Kleiman

Bem-vindo seja aquele que chega
gerado no ventre da sua mãe
e da semente de seu pai

Bendito seja o amado que chega
primogênito de sua mãe
varão acalentado pelo pai

Bem-vindo seja aquele que chega
para alegrar nossos corações
porque doce como o açúcar será sua vida

Valentina vem aí

Ontem foi o dia da primeira ultrassonografia. Como sempre, atrasou bastante. Chegamos 10 minutos atrasados e esperamos mais 40 pelo exame. Espera-se bastante nessa vida, minha filha.

De longe, a ultrassonografia parece bem menos invasiva que a ecografia transvaginal. Um pouco de gel na barriguinha e nada de instrumento fálico. Sabe desodorante roll-on? Então imagina um leitor de códigos de barras com um roll-on na ponta, ligado a um fliperama, e você, que nunca se submeteu a tal procedimento, já sabe como é.

O carocinho de gente que tinha 0,74 cm há três meses, hoje tem quase 20 cm. Há um mês, tinha 52 g. Hoje, 178 g. É um bife com tudo em cima: estômago, coração, ossinhos. E tem sexo: it's a baby girl.

Valentina: a coisa mais linda do mundo!

E como escreveu a mamãe, ela é encantadora. E frenética!

No doubt: proud parents of a baby girl.

XX ou XY

Valentina ou Samuel?

Chegou o grande dia. A ultrassonografia é hoje às 14:20 h.

Valentina é nome italiano ou russo. A primeira cosmonauta e a primeira mulher a ir ao espaço, em 1963, foi a soviética Valentina Vladimirovna Tereshkova (Валентина Владимировна Терешкова). Valentina recebeu as duas principais condecorações do seu país: Herói da União Soviética e a Ordem de Lênin.

Samuel é nome hebraico, significa "ouvido por Deus". A história é bonita. E, como qualquer passagem bíblica, alegórica. Sugiro a leitura em russo, a partir do link abaixo:

http://www.russianbible.net/1Sa-2.html

Com certeza, muito mais enigmático...

Валентина или Самуил?

Valentina ou Samuel? Esse é o enigma cuja resposta aguardamos ansiosamente desde fevereiro. A vida se desenvolve no ventre da mãe, sem sobressaltos. Chegamos ao quarto mês de gestação.

Os enjoos são cada vez mais raros. Os gases não.

Liberada pela médica, a mãe da Valentina ou do Samuel começou suas sessões de hidroginástica no final do terceiro mês, com a intenção de controlar o peso, trocar gordura por massa muscular, melhorar a forma, essas coisas de mulher.

O pai está ansioso. Na verdade, o pai é ansioso. Se depender do pai, a criança nasce no oitavo mês de gestação. Se depender da mãe, no sexto.

Dessa vez, a ansiedade é justificada. Na próxima quinta, dia 6, será a primeira ultrassonografia, aquela em que, supostamente, descobre-se o sexo do bebê.

Já imagino um monte de roupinhas: vermelhas, com nomes em russo e símbolos soviéticos...

1 + 1 = 1

Há quase três meses, provavelmente no dia 21 de janeiro, começamos a desvendar a equação 1 + 1 = 1.

Na contramão do senso comum, descobrimos a gravidez na primeira semana e espalhamos a notícia a todas e todos. Que nem aprovação em concurso público.

Pais de primeira viagem, marcamos uma consulta. Pessoalmente, nunca tinha estado tão perto de uma ginecologista. No consultório, há uma máquina que parece um fliperama, responsável pela ecografia. Conectado ao aparelho, um instrumento fálico que é revestido com um preservativo impregnado de gel. Na segunda consulta, constataria que aquela situação, constrangedora sob a perspetiva masculina, parece absolutamente trivial tanto para a ginecologista quanto para a gestante.

No entanto, tudo isso desaparece da minha cabeça quando surge na tela, inequivocamente, algo que pulsa. Freneticamente: 128 bpm. E a pulsação do músculo involuntário que é locus simbólico da lealdade se torna a primeira prova audiovisual da existência daquele ser, que o xixi e o sangue da mãe já haviam atestado.

Mais uma vez, um outsider. Assisto a tudo com um recorte de gênero. Penso no feto e no afeto. Já decidimos os nomes: Valentina e Samuel. Falta agora descobrir o sexo: Valentina ou Samuel.

Maio. Só em maio. Lua minguante.